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O Peso Oculto: Como a Conta Salgada Pode Colocar em Risco a Petrobras

· By Kelvin Ponte Global · 3 min read

Desde 2023, a Petrobras mudou sua política de preços para gasolina e diesel, abandonando a adoção do PPI (Paridade de Preços Internacionais), prática vigente desde 2016. Essa decisão, tomada por seu conselho de administração majoritariamente indicado pelo governo, visava evitar oscilações bruscas e reduzir o impacto imediato dos aumentos nos combustíveis ao consumidor brasileiro. Porém, o que parecia um benefício momentâneo pode estar criando uma situação insustentável que afeta não apenas a empresa, mas a economia e a população como um todo.

A mudança na política de preços e suas consequências

Ao deixar de seguir a paridade internacional, a Petrobras passou a travar internamente os preços dos combustíveis, controlando as variações para a gasolina e o diesel. A expectativa era manter o preço mais baixo para o consumidor e, assim, frear a inflação. No entanto, por baixo dessa aparente vantagem, um “buraco” financeiro se formou.

Desde maio de 2023, a estatal acumulou uma diferença de cerca de R$ 20 bilhões ao não repassar os reajustes do combustível ao preço final cobrado do consumidor. Essa conta salgada representa uma perda de faturamento considerável, o que compromete os resultados da empresa, cuja função principal é gerar lucro para se sustentar e investir em infraestrutura e tecnologia.

Queda nos lucros e impacto nos dividendos

Em 2022, a Petrobras registrou um lucro líquido recorde em torno de R$ 88 bilhões. Contudo, com a nova política de preços, estima-se que o lucro despencou para cerca de R$ 36,6 bilhões em 2024 — uma queda superior a 80% em apenas dois anos. Essa redução drástica evidencia uma gestão que prioriza objetivos políticos em detrimento da saúde financeira da estatal.

Como consequência, os dividendos pagos aos acionistas e ao governo diminuíram significativamente. A Petrobras pagou R$ 102,6 bilhões em dividendos em 2024, valor que ainda foi maior que em 2023 (R$ 72 bilhões), mas essa receita não cobre as distorções criadas pela política de preços. O resultado: um desgaste financeiro preocupante tanto para a empresa quanto para as contas públicas, já que o governo é acionista majoritário e depende desse retorno para seu orçamento.

Distância entre preços nas refinarias e nas bombas

Uma das contradições mais marcantes dessa política é a diferença entre o preço praticado pela Petrobras às distribuidoras e o preço final ao consumidor. Por exemplo, a estatal reduziu o preço do diesel nas refinarias em quase 35%, porém essa redução se refletiu em apenas 3,18% de queda no valor cobrado nas bombas até abril de 2025. No caso da gasolina, apesar de cortes acumulados de quase 9% no preço realizado às distribuidoras, o preço ao consumidor subiu 26% desde o início de 2023. Essa discrepância é explicada pela margem de lucro ampliada de distribuidores e donos de postos, que aumentou 43% em cinco anos, potencialmente favorecendo grupos específicos que dominam o mercado brasileiro.

Impactos no mercado e riscos futuros

Essa distorção gerou efeitos negativos no mercado de combustíveis no país. Refinarias privadas, como ACEN na Bahia e Brava no Rio Grande do Sul, passaram a exportar parte da produção em vez de vendê-la nacionalmente a preços controlados, evitando prejuízos. Isso acontece enquanto o Brasil continua importando cerca de 600 mil barris de derivados diariamente para suprir a demanda — um paradoxo que indica problemas estruturais e incentivos errados.

Com os privados se retraindo, toda a responsabilidade recai sobre a Petrobras, que enfrenta fragilidade financeira e riscos aumentados frente a crises externas. A dinâmica recente entre Irã e Israel, que disparou o preço do barril Brent em junho de 2025, expôs ainda mais esses riscos. Os preços internos continuaram abaixo da paridade internacional, o que pode forçar o governo a adotar novas medidas de controle ou até subsídios diretos, ameaçando ainda mais a previsibilidade e sustentabilidade da empresa.

Reflexões finais

Não existe almoço grátis, especialmente quando o Estado intervém para congelar preços de commodities estratégicas. Essa interferência gera distorções, prejuízos para acionistas, queda no valor das ações e compromete a capacidade de investimentos da empresa. A longo prazo, quem paga a conta somos todos os brasileiros — seja por meio de menor oferta, preços elevados pela cadeia, ou crises no abastecimento.

O caso da Petrobras reforça a importância da gestão transparente, independente e eficiente das empresas estatais, bem como da necessidade de políticas que promovam a concorrência e a internacionalização do mercado brasileiro de energia, evitando que as decisões políticas prejudiquem a economia real.

E você, estava ciente dessa complexidade que a Petrobras enfrenta? Como vê o futuro da empresa e dos combustíveis no Brasil diante dessas medidas? Deixe seu comentário!

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Kelvin Ponte Global Kelvin Ponte Global
Updated on Jul 25, 2025